quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O Urso - Mais um da série Bruto Rústico e Sistemático.

Não precisava de muito pra sobreviver.
Cortava a lenha pra esquentar a comida.
Rasgou parte da camisa pra proteger o machucado.
Feriu-se ao caçar.
Chucro e mal educado.
Olhos que percebem mais do que passos.
Sabia que estava sendo ameaçado.
Apagou o cigarro de palha.
Apagou a fogueira.
Mas já era tarde.
Atraiu para o seu canto.
Um urso enfurecido.
Não se escondeu.
Armou sua espingarda.
E a euforia tomou conta do seu coração.
Era o momento pelo qual ele esperou durante toda vida.
Morrer nas garras de um urso, era se tornar uma lenda.
Era encontrar-se com os seus antepassados.
Era ser maior do que o próprio urso.
Se Desfez da espingarda.
Retirou sua faca.
Teria alguma chance de vencer se atacasse o urso no coração.
E ali traçou-se a batalha entre o coração de um urso e o coração de um homem.
Tão iguais em corpos distintos.
O urso veio para o ataque.
Ele apenas abriu os braços como uma presa fácil.
O urso levantou o homem e dava para sentir o apertar dos seus ossos.
Em um último suspiro ele cravou a faca no peito do urso.
Errou o coração por mílimetros.
Mas já era o suficiente para que o urso soltasse o homem.
E fugisse com sua faca presa ao lado do coração.
E todas as noites o urso agora volta e sonda a região.
Não mais para atacar.
Mas para observar e proteger o seu algoz.
O homem havia conquistado a confiança do urso com sua coragem.
Agora homem e urso dividem a mesma refeição.
E e, algumas noites de frio onde o lâmina da faca se torna mais gelada.
Se escuta o urrar de dor do urso.
Um barulho tão alto que é capaz de despertar com seu horror.
O uivar dos lobos.

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