sexta-feira, 2 de março de 2012

A Máscara de Carnaval (Linha Retrô)

Correu até o rádio.
Aumentou o som da música do Tom Zé.
Perguntou então do Seu José?
O da Padaria que dividia com o açougue o prédio amarelo.
Grifado 1910 no cimento.
Não queria saber do aumento da inflação.
Só do seu pacote de pão.
De um quilo da alcatra ou de filé mignon.
Pro café da manhã.
E para o almoço.
Que é a única coisa que se repete da mesma forma de quando ele era Moço.
O sino da igreja agora lhe acende uma chama.
E na cama a coberta é mais grossa.
A dor que lhe dá nas costas.
Não provém do colchão.
Vem da idade.
Da saudade da menina com a venda nos olhos na noite de Carnaval.
E o sol que ainda nasce igual.
Chora de saudade.
Numa chuva de verão.
Nas lágrimas dos olhos de um jovem esperto.
De um velho turrão.
A recordação concretizada em cimento no prédio do açougue.
Na receita do Pão.
O que divide o poder de Reação.
De um Jovem para um Velho Turrão.
É desvendar o segredo que existe por trás da venda nos olhos da menina.
Ouvindo no rádio uma recordação da sua sina.
Um antigo hino de Carnaval.
No tom musical do Tom Zé.

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