terça-feira, 16 de março de 2010

Tristes Cenas Brasileiras de Verão....

Olha o desenho descolorindo...
O Cartoon Network está fora do ar?
Não... É na folha.
Que folha?
A de São Paulo.
Como assim o desenho descoloriu?
Foi o cartunista que desapareceu.
Em um ato heróico foi também o filho seu.
E quem mais sofreu?
Foi a mulher que sobreviveu.

Olha o dinheiro descolorindo.
Não as notas continuam VERDE ARRUDA.
Não as notas, descoloriu o INSS das folhas de pagamento.
Mas o que aconteceu?
Foi Brasília que amanheceu.
E quem mais sofreu?
Foi a mulher que sobreviveu.

E faltou dinheiro para construir centro de reabilitação de drogados?
Não?
Faltou o que então?
Faltou o desenho.
O desenho descoloriu.
Não o cartunista desapareceu.
Mas ele não deixou nenhum desenho?
Deixou..
Cadê então?
Virou uma Igreja.
Qual o nome da Igreja?
Céu de Maria.
Que Maria?
Maria, a mulher que sobreviveu.

Falta de honestidade, de consciência social, de religião em conjunto com o tráfico ainda produzirão novas cenas como esta.

segunda-feira, 15 de março de 2010

A Serenata de Olinda. (Energia à favor do Bem)

Mãos leves e suaves tracejam com precisão um violão.
Artesanalmente a madeira esculpida recebeu o verniz e com muito cuidado as cordas individualmente são colocadas e afinadas.

Na janela o som suave da chuva e o cheiro de terra molhada invadem o rancho, mas nada tirava a atenção de Olinda que produzia os últimos detalhes, com muita sensibilidade ao violão que estava por finalizar.

Seus dedos calejados tocavam de leve cada nova corda, e do lado de fora podia se ouvir o som suave da afinação do instrumento se misturando com o barulho da fina chuva. O ar puro, fruto de chuvas de verão, harmonicamente completava o ambiente.

O talento dela, misteriosamente encantava aquele espaço com um clima todo diferente.

A combinação das notas, e o suor do trabalho feito com muito esmero, faziam naquele fim de tarde uma combinação que resultava em uma serenata para Olinda.

Ela cobriu com cuidado a peça produzida e logo começou outra.

Autor: Fábio Atala.

Quem conta um conto ganha um ponto.

Samuel Juca

No jardim, ajoelhado junta suas mão em forma de espada, fecha os olhos e faz uma oração. Não necessariamente é capaz de entender o que mudou. Simplesmente depois de dez anos ele voltou, sublime e sério nem se parece com o garoto rebelde de anos atrás.

Sua mãe de longe olha pro jardim, feliz com sua volta, nota algo de diferente, mas está feliz, e isto basta no momento.

Quis o destino que Samuel Juca cruzasse as fronteiras do mundo em mata cerrada e retornasse pra casa vivo, feliz e confuso. O sorriso lembrava um ar de sofrimento, mas não era um sorriso triste, era um sorriso desprovido de lucidez, porém sábio.

Depois de anos preso na mata, ele conheceu tribos e mais tribos costumes e mais costumes, picadas de insetos e rugidos dos mais variados bichos, aprendeu a acender sua própria lareira pra aquecer o corpo em noite fria, para dormir teceu sua própria rede, e no céu estrelas iluminavam uma vida quase sempre isolada.

Quando caiu o avião pensaram não haver sobreviventes, mas sabe-se lá como conseguiu sobreviver. Quase calado ele apenas fazia gestos com a cabeça e dizia palavras monossilábicas para se expressar. O importante é que ele voltou do nada do impossível, talvez o único homem vivo de um acidente estrondoso, sobreviveu e renasceu no mato, e hoje se parece mais com os bichos que com os homens, o ouvido ficou mais apurado e o seu instinto relembra o de um animal assustado.

Sensorial ele desenhou um pássaro na terra e por horas ficou ali, de leve caia a chuva e ele demonstrava intimidade com aquela situação, os pingos caíam em seu corpo enquanto ele fixamente olhava para a terra. Como se ela fosse trazer a cura, de repente ele se levantou e disse a única frase inteira no dia.

- Do interior da terra nasce a vida escondida no interior da semente.

Entrou e chorou por instantes, das águas de seus olhos correram o trauma momentâneo e ele de repente se sentiu mais livre, porém ainda comia com as mãos e no quintal acendeu uma fogueira e dormiu por horas no chão. Ele ainda estava se acostumando com o antigo novo mundo.

E assim foi até o outro dia, quando viu Luizinho seu irmão mais novo. Ainda sob alucinação ele pegou a maquiagem da mãe e pintou dois traços negros no rosto do irmão e gritou como índio dentro de casa, o ritual prosseguiria por outros dias enquanto ele se recuperava.
Feliz ela ficou quando ele em meio a realidade e alucinação lhe tocou o rosto, lhe abraçou e a chamou de mãe. Ela emocionada lhe levou até a varanda o sentou por lá e por horas ficaram ali com a companhia do cachorro, os bichos de leve sabiam se aproximar dele como talvez nenhum humano poderia naquele momento.

Suave como som do destino ele levantou o irmão, colocou em seus ombros, o deixou na sala e entrou em seu quarto segurou por instantes seu carrinho de brinquedo desgastado pelo tempo, deitou em sua cama e enfim dormiu como antigamente.

Autor: Fábio Atala.

terça-feira, 2 de março de 2010

Na contramão do Rock.

Rock Balboaa o desafiante entra no ring com extrema desvantagem... É humanamente impossível ele vencer... Mas que esquerda formidável ele é o que chamamos de Pata do Sul...

Mas esta história vai ficar pra outro dia, a intenção do texto é fazer referência ao Rock gênero musical mesmo...

Desde adolescente que me preocupo mais com as letras das músicas do que com a melodia de fato. Sou apaixonado pelo Rock Nacional, e admiro as canções compostas pelo Capital Inicial, Engenheiros do Hawaii, Legião Urbana, Titãs, Charlie Brow Jr,
etc...

Na contramão do Rock tive ódio do Axé do Gera Samba ou El Tchan, do Sertanejo meloso e dos afins... Mas hoje, em segredo, somente entre nós, vou admitir a melhoria dos últimos anos na qualidade musical dos gêneros citados e tentar corrigir algumas injustiças...

Levante a mão e atire a primeira pedra aquele que for solteiro e nunca gritou...

Sou praeiro, sou guerreiro estou solteiro quero mais o quê !!! (Jamil e uma noites).

Ou me diga como não simpatizar com o Asa de Águia em

Não tem lua:
Não tem lua que faça você me amar...
Não tem lua que faça você passar por mim.
Não tem cheiro nem flor, nem perfume de amor...
Não tem lua não, não tem lua...

e Vale Nigth:
Ela me deu o vale nigth, eu precisei do vale nigth...

E o que dizer da criatividade do cidadão que inventou isso aqui:
Gatinha do que você gosta mais de Red Label ou Ice? Para mim tanto faz, Red Label ou Ice...

Com maior evidência chegou o Sertanejo Universitário e seus inesquecíveis refrões:

“Aqui não,
Posso até não ser simpático,
Comigo não tem desculpa,
Minha criação é chucra,
a verdade ninguém furta
sou Bruto Rústico e Sistemático ”

“Não era para você se apaixonar era só pra gente ficar, eu te avisei meu bem eu te avisei”

“Ei psiu, beijo me liga, eu vou curtir a festa te encontro na saída...”

É meu caro, chegou a hora de você mudar seus conceitos...

Pelé x Joel Santana

Num destes domingos quando assistia ao Esporte Espetacular vi Joel Santana dando um de seus emocionados depoimentos. Por aí tudo certo, até o momento em que ele resolveu falar do jogo em que como zagueiro teve o prazer de marcar o Pelé.

Até então eu talvez não tivesse percebido a real grandeza do Pelé. Tudo bem, não sou nenhum alienado que não saiba o prestígio do Rei, mas o que já ouvi ele falar de bobagens me desanimaram ao longo dos anos e me fez colocar ele mais ao fundo na minha calçada da fama fictícia...

Joel disse que tinha que marcar Pelé muito de perto, e que na época não existia cartão amarelo tornando a marcação ainda mais violenta que de costume. Joel no calor da emoção e no auge de seus 20 anos utilizou todos os recursos possíveis para compensar sua falta de experiência.

Até que em um momento do jogo em disparada pela linha de fundo Pelé deu um cotovelada no jovem Joel (ação não digna para um rei). Pelé voltou o ajudou a levantar e perguntou...
- Você está bem garoto?
- Joel respondeu... Você me bateu ..!
- Pelé argumentou... Garoto se você gosta tanto de bater, primeiro tem que aprender a apanhar.

Tudo bem que em outro contexto a frase pode não ser tudo isso, mas neste contexto mostrou a preocupação do Rei com o jovem zagueiro e o caráter do Pelé. Para mim,foi mais do que isto, mostrou a grandeza de um homem predestinado... E uma frase que pode ser levada para vida de qualquer um em qualquer profissão se utilizada na situação e no contexto correto...

É isso que espero de um ídolo frases que o eternizem e que sirvam para sociedade como um todo... Por isso gosto tanto do Senna.

Pelé sabia o real efeito de suas ações e o que ele significava na vida daquele jovem zagueiro... Não é a toa que o rei levou o nome do Brasil pelo mundo afora...

Mas tenho que concordar que as frases do Senna ainda são melhores...

É a vez do vermelho e branco.

Alguém tinha dúvidas de que o Internacional venceria o Campeonato Mundial entre clubes contra o Barcelona?

Bom se alguém tinha já pode ver que estamos em uma época em que chegou a vez do vermelho e branco. É só passar pelas esquinas das lojas e presenciar que existe Papai Noel sobrando para adultos e crianças, distribuindo balas e panfletos junto da ideologia importada dos americanos que inventaram o “bom velhinho” de casaco vermelho, calças e botas já que o Natal em Nova York é frioooo.

Haaa... se Papai Noel fosse brasileiro ele ia nascer no Nordeste ia vesti uma regatinha verde e bebe água de coco. Anda de jegue e distribuir bolsas família pra todas criancinhas que pedem presentes, Gaseolíferas para os bolivianos e Natureza Amazônica para o mundo. Porém uma coisa eu não nego o Papai Noel brasileiro ia ser barbudo. Se for para o bem da igualdade social vamos deixar o verdadeiro Noel trabalhar! Deixe o HOMEM trabalhar!

O papai Noel também ta longe de ser socialista, ele é capitalista de porta de loja tem magro tem gordo e quem diria já tem até esposa.
Agora se Deus fosse brasileiro talvez tivesse um espaço um pouquinho maior do que nosso famoso amigo Noel, nas portas e vitrines, nas bocas das crianças... Talvez até mesmo nas canções.

Alguém sabe me dizer o significado de Gingobel Gingobel? Desde criança eu me pergunto isso..... O Jornal ta caro, caro pra chuchu, então me diz com que eu vou limpar o censurado Observação: Este jornal é acessível mas não tem esta finalidade. Bom se é verdade que papai Noel distribui presentes. Porque será que ele tem dificuldades pra sobrevoar nosso país carente? Seria por causa dos pontos cegos no nosso espaço aéreo? Ou por que nossos políticos não são bons meninos ?? Por causa dos pontos cegos no tráfico de drogas e de armas que deixa ele com medo de ser assaltado?Ou porque a falta de estudo não nos possibilita ser alfabetizados a ponto de escrever cartas suficientes que cheguem até o Pólo Norte?

Espera aí eu já sei. É a CPI dos correios que estão boicotando o envio das nossas correspondências...Talvez não. Pode ser também por causa dos pontos cegos da prostituição infantil que fazem com que nossas meninas deixem de ser crianças.

Se os pontos são cegos vamos iluminar nossas árvores de Natal e dizer pro papai Noel ficar longe porque esse país precisa é de Deus. Mas se você encontrar um Papai Noel na porta da loja em que for comprar seus presentes, agasalhado até o pescoço, neste sol de quarenta graus. Não diga nada, apenas dê um refrigerante gelado pra ele. E quem sabe assim os bons barbudos não encontrem o caminho da solidariedade.

Escrito em 19/12/2006

Autor Fábio Abrahim Atala