Era o final da festa, estourando a última champanhe, dia de formatura.
Os rostos jovens que me acompanharam por estes anos. São os mesmos que amanhã estarão enviando seus currículos, mudando de cidades, construindo famílias, servindo a sociedade.
Ao final de cada festa eu sempre penso quanto tempo ainda me resta mesmo que meu caminho esteja só por começar. Mas quantos jovens se perdem nesse instante, tomam decisões que não poderão mudar ou que influenciarão seu destino para sempre. Uma escolha, é como uma rotatória com várias estradas que levam para lugares distintos.
Ainda neste dia estava se encontrando o meu caminho com o de quatro pessoas dessa festa.
Ana Clara que sonhava em ser doutora mas se tornou enfermeira. Renato Augusto que o fato de ter o terceiro grau já era considerado um heroísmo em sua humilde família. Flávio que entrou na Universidade pela cota de negros e sentia um desejo de ajudar todos que estavam no país de seus ancestrais, agora que se tornou médico. Emanuel que era um estudante brilhante e recebeu convite para fazer residências em várias instituições. E eu, que apenas virei médico para seguir a hierarquia familiar.
Não eramos muito próximos na Universidade, mas nossos destinos se unirão quando pegamos o mesmo avião. Nosso objetivo era uma breve missão humanitária no Sudão, com prazo determinado de uma semana, tempo suficiente para mudar a nossa forma de ver o mundo. Porém nosso destino mudou quando a iminente guerra fechou os aeroportos por tempo indeterminado dois dias após nossa chegada mudando nossas vidas, sonhos e planos para sempre.... Continua ....