quinta-feira, 8 de abril de 2010

O Flerte.

Roberval encontrou uma menina, sem maquiagem, cabelo despenteado, mochila de faculdade e um rosto maravilhosamente lindo, a mocinha estava em pé, na estação de ônibus.

Ela percebeu o olhar de Roberval, e retribuiu com outro olhar sedutor.
Ele se aproximou.
Impaciente, deu dois passos para o lado esquerdo, e voltou na mesma velocidade com dois passos para o lado direito.

Tossiu, sem ter gripe, alergia ou ao menos coceira na garganta.
Tossiu mais alto, estava competindo com o barulho dos carros, e a conversa entre os demais passageiros, ao fim, fingiu ser alérgico a poluição.
Sorriu para o nada, deu um tchauzinho meio sem graça para uma ex-vizinha que ele odiava.

Esticou-se quase 90 graus em frente a garota para charmosamente dizer:
-Oie***, tudo bem !?
Ela, nada disse.
Apenas abriu um lindo sorriso, irritadamente satisfeita por ter conquistado a atenção dele.

Despenteou ainda mais os cabelos. Não parecia estar ruim o bastante.
Levantou-se e foi para a outra ponta da estação.
E lá estava outro garoto como Roberval, aparentemente hipnotizado por aquele rosto lindo.
O garoto estava vestido todo de branco com uma mochila velha do curso de Odontologia em mãos.

Ela gostava de ver homens de branco. Aflorava suas fantasias.
O garoto de branco, impacientou-se, deu dois passos para o lado esquerdo, e voltou na mesma velocidade com dois passos para o lado direito.

Fingiu tropeçar, sem ao menos perceber que aquela podia ser a calçada mais perfeita da cidade, sem buracos ou se quer pedras. A calçada era limpa e perfeita e como se não bastasse não era mais lisa porque era áspera o suficiente para evitar escorregões.
Ou seja, ao menos que você fosse descoordenado ou retardado era impossível tropeçar ou escorregar ali.

Mas mesmo assim, o garoto de branco, tropeçou escandalosamente.
Inclinou-se 120 graus...
Ela despenteou ainda mais o cabelo e sorriu. Parecia ter encontrado o que procurava há anos na estação de ônibus.

Alguém capaz de escorregar por ela em uma calçada perfeita!

Mostrou seu olhar mais sedutor, pensou ela em dizer Oi.
E aí, foi que...
- Oie, disse o rapaz de branco.
Ela fez aquela cara de esse oi foi ou não foi pra mim, e de repente.
-Oie, disse à menina que estava atrás dela.

A garota da estação, do cabelo despenteado, olhou para trás encabulada e espantada.
Sua concorrente, tinha um rosto comum, um cabelo mais ou menos penteado, mas o que chamava a atenção mesmo.... É QUE ELA NÃO TINHA UM DENTE!!!.

Logo o da frente, o formato da boca dela era de fato bonito...
Mas era o Brasil sem o Romário.
O Corinthians sem o Ronaldo.
O Santos sem o Peléeee!!!
Faltava o dente da frente, o atacante, o artilheiro o centroavante!!!

Mas isto não fez a menor diferença, o garoto, de branco, e a garota banguela trocaram telefones e marcaram de se encontrar depois.

Naquele dia, a menina do ponto de ônibus construiu sua teoria.
Beleza ou você nasce com ela, ou paga para ter.
Mas nada nunca será mais sedutor e atraente para um dentista do que o prazer de implantar um dente incisivo!

E chegou a Condução...

***Os três asteriscos no Oie do Roberval, é pra dizer que foi um Oi do tipo Silvio Santos. ""Oieee AiaiaiaiaUiuiuiui"" mais ou menos isso.

Um comentário:

  1. Hahahaha!
    É que, às vezes, o que é perfeito é chato demais.

    A propósito, isso ficou tão Veríssimo que me enganaria fácil, se misturado a outras artes dele.

    Beijos!

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