Abriu a janela da casa e deixou o sol entrar, tudo estava terminado. Acordou sem dor na perna, e já não mancava mais, do lado de fora as crianças corriam, ninguém podia imaginar a importância que o sol daquele dia tinha para Venancio Sardenha. Pela primeira vez em dois anos ele abriu aquela janela, respirou o ar e o coração disparou, como se tomasse uma overdose de vida. Saiu do lado de fora e já não mancava mais roubou uma flor sentiu o cheiro e sentou-se na escadinha do portão. Os vizinhos passavam por ele e falavam baixinho, ele sorria, no fundo sabia o que significava aquele momento, seu rosto estava um pouco mais velho, a barba estava mal feita, mais algo de diferente refletia em seus traços. Há dois anos atrás Venancio Sardenha foi refém de um seqüestro, levou um tiro na perna em uma tentativa frustada de fuga. Quando libertado não falava e nem comia direito, se trancou no quarto e se isolou, mais como quem sai do coma naquele dia ele acordou, e dentro de seu peito exisitia uma sensação de paixão, a pele estava corada, e os pelos do braço arrepiados com o vento, uma lágrima escorreu e secou, uma lágrima sem expressão e tradução. Venancio Sardenha pela primeira vez não queria tentar ser o político perfeito, ele apenas estava vivendo aquele momento.
Um velho político, antes do acontecido, Venancio Sardenha era ambicioso e hipócrita, sabia usar os ganchos e os atalhos para atingir o público. Cresceu rapidamente chegou a ser Deputado mais foi seqüestrado quando se preparava para ser Senador. Ele não tinha pudor, fumava demais tossia sangue e catarro. Era aparentemente bem humorado mais a cabeça fervilhava. Ele cheirava a uma nota de um real velha, ele cheirava à dinheiro do povo. Nas mão de bandidos ele se sentiu pior do que um mendigo faminto em fila de hospital público.
Na vida não há nada tão importante quanto se colocar no lugar do outro!
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