Osaias levou o neto ao circo, palhaços e elefantes encantavam o menino. O avô enchergava tudo de uma forma borrada pela sua vista cansada o que não o impedia de sorrir ao ver a malabarista no trapézio.
Osaias trabalhou a vida toda como porteiro de condomínio era um senhor simpático com voz aldoz e doce. E de repente, como o pulo de João do Pulo, os anos passaram e as cores se misturaram na vista e na cabeça daquele senhor.
Porém seu neto enchergava com a mais perfeita definição, um mundo cheio de oportunidades e probabilidades favoráveis a quem acaba de nascer pra uma vida cheia de juventude e luz.
Osaías enchergava no neto o retrocesso dos anos que coloria a reconstrução de prédios que outrora foram demolidos. Osaías projetava sua falta de força na explosão jovem daquele menino que acabava de passar pelos seus olhos, correndo feliz, saudável e forte.
Enxergava no neto uma forma de corrigir todos os erros que um dia cometeu. Como se o destino dessa vez pudesse ser diferente, olhava para o menino, com um afeto de fraternal maior do que um dia olhou para si mesmo.
Saíram do circo, neto e avô, tomaram um sorvete, dobraram a barra da calça até a canela e andaram por volta da praça onde o chafariz espirrava água que batia em suas canelas e dali saiu aquele senhor rejuvenescendo, e a visão clareando a ponto de ficar bem claro que neto e avô eram a mesma pessoa.
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